Tiro – Era Uma Vez
Era uma vez marca o início de um discurso narrativo cuja ordem das palavras é sequencial e autogerada por um certo movimento ordenado, pré-ordenado. Na história existe uma série de acontecimentos e é nesta sua interligação de causalidade e de efeito que se apresentam e representam os efeitos mais expressivos da narrativa, já então imaginada, recriada e transformada. Não só por quem a dá a conhecer mas, igualmente, por quem a recebe e, sequencialmente, domina, movimenta e desordena o que uma vez foi, para ser de novo, o que uma vez era e, repetidamente, o deixou de ser, em série.
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Um
Era o rio, o teu corpo e uma árvore.
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Dois
A água do rio move-se e tu observas.
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Três
À sombra de uma árvore, esperas e permaneces.
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Quatro
Reparas ao longe, bem longe, numa casa, duas e mais.
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Cinco
Aproximas-te do rio sem deixar a sombra da árvore.
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Seis
O movimento da água cria uma sequência harmoniosa de sons.
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Sete
O teu corpo deixa a sombra da árvore e continua seguindo.
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Oito
Caminhas com a água do rio, uma árvore e uma casa, duas e mais.
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Nove
Era uma vez o rio, uma árvore e tu que os transformaste.
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Susana Vilas-Boas
Todas as pinturas desta série tem a seguinte ficha técnica:
Óleo s/ tela
30cm x 30cm
2017